Moscas vindas dos canaviais atacam o gado em Pompeia e Queiroz
Um problema que parecia estar restrito à zona central do Estado de São Paulo, dá sinais de que é maior do que se constatou a princípio. Conhecida popularmente como “mosca do estábulo”, a espécie Stomoxys calcitrans tem dado dor de cabeça em pecuaristas do noroeste e nordeste do Estado. A mosca se multiplica em meio à palhada dos canaviais, onde é despejado um subproduto das usinas de cana, a vinhaça, usado como fertilizante das plantações. Em contato com o gado, o inseto causa estresse e soma prejuízos à saúde do animal, que vão do emagrecimento do rebanho ao aborto das crias. Não raro vizinhas no interior do Estado, fazendas e usinas precisam chegar a um acordo para resolver a questão.
Fábio Aparecido dos Santos é um dos pecuaristas que sofreu perdas com o aparecimento dos insetos. Ele tem propriedades nos municípios de Pompeia e Queiroz, e nos últimos 30 dias viu morrer dez de seus bezerros; três deles só na última quinta-feira, 23. Da delegacia onde registrava boletim de ocorrência contra a usina Clealco, próxima à sua fazenda, ele falou com a reportagem: “Todo mundo precisa da cana, mas também precisamos de carne. Com a mosca, o gado fica estressado, debilitado, perde peso e tem queda na imunidade”.
Santos relata que as fêmeas do rebanho não têm entrado no cio e que as prenhes abortam ou acabam parindo os bezerros em pé por conta da irritação com as moscas. Segundo ele, primeiro os insetos atacaram os pastos de recria e engorda da fazenda e agora chegaram onde fica a vacada de cria. "Os animais se aglomeram, procurando defender-se, e deixam de comer", conta o fazendeiro. Os funcionários também reclamam, porque quando montam a cavalo o animal fica inquieto e empinando.
A usina Clealco, localizada em Queiroz, tomou medidas paliativas na tentativa de controlar a infestação, diz Fábio dos Santos. “Além de passar veneno no foco de proliferação das moscas, sugeriu instalar na propriedade bandeiras tingidas de azul e preto regadas a inseticida”.
DBO
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