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Dinheiro de fieis foi usado ilegalmente


As investigações do Ministério Público de São Paulo que levaram à denúncia contra Edir Macedo e mais nove pessoas mostraram que dinheiro doado por fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus para a caridade foi usado em benefício do grupo. Segundo os promotores, na compra de imóveis, entre outros bens.

Universal aplicou dízimo em imóveis. Esta é a manchete da reportagem publicada nesta quinta-feira no jornal O Estado de São Paulo. A reportagem relaciona uma série de bens comprados pelo grupo de Edir Macedo, como carros, emissoras de rádio e televisão e mais 19 empresas.

A informação é de fontes oficiais como os relatórios do Coaf, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras, órgão federal de combate a crimes financeiros.

Os relatórios do Coaf embasam a denúncia contra Edir Macedo e outros nove acusados dos crimes de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

O jornal O Estado de São Paulo destaca uma das conclusões da promotoria: empresas liga das à igreja são usadas para simular a compra e venda de imóveis, empresas e aeronaves pertencentes ao grupo criminoso.

Entre as operações aparece a compra de imóveis pela Rede Record, no valor de R$ 25,6 milhões, entre 1996 e 2007. O Coaf cita um prédio em Salvador comprado em 1999 por R$ 8 milhões. Em São Paulo, em 2002 e 2001, foram comprados uma casa, por mais de R$ 3 milhões e um terreno por mais de R$ 4 milhões.

No Rio de Janeiro, dois terrenos em 2006: um no valor de quase R$ 8, 5 milhões. Outro, de pouco mais de R$ 1,7 milhão. Segundo a promotoria, os bens são comprados com dinheiro dos fieis. O dinheiro passa por empresas de fachada e volta para o grupo acusado.

É em um prédio em São Paulo que estão registradas duas empresas citadas pela promotoria: a Unimetro e a Cremo Empreendimentos.

Segundo a denúncia aceita pela Justiça, as duas empresas são usadas pelo Grupo Universal para esconder a origem do dinheiro empregado ilegalmente em beneficio de Edir Macedo e dos outros acusados, o que contraria o principio de que dízimos e ofertas só podem ser aplicados na própria igreja e em suas obras sociais.

Assim, o dinheiro das ofertas, em vez de beneficiar projetos sociais, sustenta empresas particulares que visam lucro, como afirmam os promotores. No pedido à Justiça para quebrar o sigilo bancário e fiscal dos acusados, a promotoria diz textualmente que: "só em 2006 teriam sido desviados R$ 240 milhões de fieis da Igreja Universal do Reino de Deus. E repassados para a Rede Record de televisão".

O advogado dos réus, Artur Lavigne, não quis gravar entrevista. Por telefone, ele disse que ainda está fazendo cópias do processo contra seus clientes e que por isso não tem conhecimento da denúncia do Ministério Público na íntegra.

Lavigne também disse que não leu a reportagem publicada no jornal O Estado de São Paulo, mas considera que as denúncias que têm sido publicadas pela imprensa são infundadas.

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